segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Maria Bethania - Poema do Menino Jesus

Mão amiga fez-me hoje chegar uma mensagem, tendo em anexo um video do Youtube, em que Maria Bethania recita o Poema do Menino Jesus, de Fernando Pessoa.

Aqui o reproduzo, para ficar acessível a quem não tiver tido oportunidade de o fazer, ou ainda não tiver aderido a estas "modernices" .

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ASSUMIR A RESPONSABILIDADE

Sou do tempo em que a expressão ASSUMIR A RESPONSABILIDADE tinha um sentido muito forte, e em que o gesto de quem a usava tinha consequências, nomeadamente a demissão do cargo cujo exercício podia (ou não) estar associado a um acto, procedimento ou resultado negativo, ainda que acidental.

Mais séria e de mais impacto, só mesmo a PALAVRA DE HONRA, ou o aval subscrito em letras de câmbio, cujo incumprimento, ainda que fortuito ou involuntário, por vezes conduzia o visado ao suicídio.

Os tempos, é claro, são outros, e as palavras foram perdendo a força semântica e comportamental de antanho. E não raro, por exemplo nos campos político e desportivo, ASSUMIR A RESPON-SABILIDADE tem o mesmo valor que dizer "amanhã vou deixar de fumar".

O último caso mediático que me ocorre, em que a expressão teve efeito prático, foi o de Jorge Coelho, então Ministro do Equipamento Social, que se demitiu na sequência da tragédia da Ponte de Entre-os-Rios, ocorrida na noite de 4 de Março de 2001, e em que dezenas de pessoas perderam a vida, devido a uma forte tempestade e a deficiências nos pilares da ponte, que ruiu no momento em que a atravessava o autocarro em que regressavam a casa. E me parece que só muito remotamente se poderia assacar-lhe a responsa-bilidade, ainda que indirecta, pela ocorrência.

MUDAM-SE OS TEMPOS...

sábado, 11 de dezembro de 2010

WIKILEAKS - VALE TUDO?

Perguntas de resposta múltipla:

Fonte: digitaltrends.com - acessível no Google

- Têm os responsáveis dos Estados mais (ou menos) poderosos legitimidade para agir de acordo com as suas conveniências, em qualquer crcunstância, sem terem de prestar contas dos seus actos?

- Pode um especialista de informática, profissional ou amador, invadir os 'servidores' de organismos públicos, aceder a toda a informação ali existente e divulgá-la sem ser "editada"?

- Podem os actos de retaliação das autoridades contra o "criminoso" (Julian Assange, no caso vertente) servir de pretexto válido para manifestações de apoio um pouco por todo o mundo?

Fonte: circolusitano.blogspot.com - acessível no Google


- E se algum intruso acedesse aos dados pessoais dos manifestantes e os divulgasse publicamente através das Redes Sociais, ou por outras vias, teriam eles motivos para se insurgirem contra esse abuso?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

REQUIEM PELA LINGUA PORTUGUESA


  O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não foi o primeiro, como se infere da própria designação. Só no séc. XX, houve várias alterações or-tográficas: a Reforma Orto-gráfica de 1911, exclusiva para Portugal, e os Acordos Ortográficos de 1931, 1945 (também só em Portugal), e 1990. O de 1990, para além de Portugal e do Brasil, teve também o envolvimento de todos os outros PALOP, bem como de observadores da Galiza.

Parece-me, no entanto, que existe uma diferença essencial entre o novo acordo e os anteriores: enquanto nestes últimos terá havido a preocupação de adaptar a ortografia à oralidade e/ou às origens da língua, no primeiro acabou por se adoptar tendencialmente a ortografia brasileira.

Outra diferença entre as duas realidades é que os acordos anteriores parecem ter tido motivações marcadamente científico-culturais, ao passo que o actual poderá ter subjacentes razões de natureza prdominantemente económica, impostas graças à pujança actual do Brasil no mundo, bem diversa da nossa tradicional insignificância.

Ou seja, a Língua Portuguesa "morreu" com a adopção do Novo Acordo, suplantada pela Língua Brasileira: o colonizado subjugou o colonizador.

Resta-nos manter a oralidade própria da língua lusa, mas também esta em contínua desagregação, pelo facto de se falar cada vez pior, e vai-nos valendo a teimosia dos carolas e dos "velhos do restelo" que persistem em continuar a escrever de acordo com a grafia em vias de extinção. Como já sou velho, alinho com eles!...



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

UMA VISITA A XI'AN

No passado mês de Outubro, tive a oportunidade e o privilégio de participar numa viagem à China, cujo roteiro contemplava visitas a Pequim, Xi'an, Xangai, Macau e Hong Kong.

Com mais de 3000 anos de história, Xi'An é uma das cidades mais antigas da China. É, também, uma das quatro grandes capitais da China antiga, e ali reinou uma sucessão de dinastias: Zhon, Qin, Han, Sui e Tang. Acabou por perder preponderância com a transição da capital para Luoyang, antes de se fixar em Pequim (Beijin).

Conhecida inicialmente como Chang'an, viu o seu nome alterado no séc. XVI, no reinado da dinastia Ming.

O seu principal atractivo derivadno facto de ter sido o extremo oriental da Rota da Seda, que ligava a China aos países da Europa, e, mais recentemente, pela fabulosa descoberta dum extraordinário Exército de Guerreiros de Terracota. São milhares de estátuas de guerreiros, todos diferente entre si, além de numerosos carros de combate devidamente equipados e os respectivos cavalos de tiro.



Este magnífico achado arqueológico foi descoberto a partir de Março de 1974, no local onde foi construído o recinto que acolhe o Mausoléu do Imperador Qin Shi Huang, ali sepultado no ano 210 ac.
O recinto foi transformado em Museu, a quem foi cometida a responsabilidade da preservação das imagens encontradas em bom estado, bem como da recuperação dos materiais que ainda se encontram danificados, por força do aluimento de terras provocado por diversas cataclismos naturais. É constituído, para já, por três Salas, que proporcionam a visão assombrosa de todo aquele exército de homens e cavalos, e é procurado por um sem número de visitantes vindos de todas as paragens. O video que ilustra este texto dá uma imagem da dimensão desta verdadeira maravilha.


Torre do Tambor
A Passagem por Xi'An fazia parte do roteiro duma viagem à China, Macau e Hong Kong, e contemplava a visita a alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade, com destaque para a Torre do Tambor, o Museu dos Guerreiros de Terracota, o Pagode do Ganso Selvagem , o Mercado da Medicina Tradicional e o Palácio Tang.


A visita à cidade teve o seu início com uma recepção na Torre do Tambor (imagem da esquerda), que constituiu um dos pontos mais altos da nossa passagem pela cidade, pois fomos brindados com uma calorosa recepção e uma magnífica recriação de cerimoniais da Coorte Imperial, culminando com a entrega das chaves da cidade a todos os elementos que tomaram parte na viagem. Este espectáculo valeu, não só pelo colorido e fiabilidade das vestes dos executantes, como pelo rigor, vivacidade e complexidade da representação e pela grande simpatia que nos foi tributada por toda a equipa.


Pormenor da Recepção na Torre do Tambor


Enfim, uma visita inesquecível, e que vivamente recomendo a todos quantos têm nos seus projectos uma visita ao "Império do Meio" num futuro próximo.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

GENTE ATRASADA

Decorria há algum tempo a aula de Música, e continuavam a entrar, em pingue-pingue, pessoas que não tinham conseguido chegar a horas. Gente atrasada, portanto.

A aula era dedicada à audição de Suites para violoncelo de João Sebastião Bach.

Devido às chegadas tardias, a audição estava a ser constantemente interrompida pelo abrir e fechar da porta da sala de aulas, ante a indiferença dos retardatários. GENTE ATRASADA, PORTANTO!... 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

RESSUSCITEI...!!!

Por "fas" e por "nefas", deixei de poder aceder ao meu blogue. E tudo porque fiz uma grande salgalhada com 'emeles' e passwords. Quando a fartura é grande, dá nisto... Finalmente, consegui superar estes constrangimentos com sucesso, pelo que volto a estar habilitado a mandar sentenças sobre a minha envolvência "ortegaegassética" - eu sou eu e as minhas circunstâncias. Tenho o pretexto - frequência dum curso de iniciação aos blogues. A ver se não falta o resto, de que se falará em futuro (espero) muito próximo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Desdizer antes o que se vai dizer a seguir

Manuela Ferreira Leite (MFL) tem o "encargo" de, semana sim, semana não (salvo erro), apresentar no Caderno Economia do Expresso, no canto inferior direito da primeira página, um comentário sucinto, no que se pretenderá ser um espelho do "estado da (gover)nação".
O comentário publicado no dia 29 de Novembro tem por título "Sintomas Preocupantes", e debruça-se sobre a candente questão dos "rankings", para se fazer eco de notícia recente sobre o assustador 26.º lugar do nosso país (entre um total de 31) num dos ditos cujos: o do "sistema de cuidados de saúde ao consumidor na Europa".
Antes, porém, de entrar na "ordem de trabalhos", MFL não resistiu à tentação de dar uma aguilhoada no nosso Ministro das Finanças a propósito do mesmo tema ("rankings"), em termos que merecem bem ser classificados nos lugares cimeiros do "ranking" do cinismo: "não cito o caso do ministro das Finanças português que não escapou ao último lugar num conjunto de 19 ministros das Finanças...".
Ou seja, talvez querendo fazer de nós parvos, "não citando", cita mesmo! E logo numa área em que MFL está habilitada a falar "ex-catedra" e é detentora de inegáveis pergaminhos, pois também "já foi" re-ministra, inclusive da mesma pasta que ora foi objecto de "rankização".
Mas, exactamente por o ter sido, parece que deveria ter tido mais pudor em "(não...) atirar pedras" subliminares ao seu homónimo de ministério em exercício, tanto mais que o seu (dela ministério) nem sequer deixou grandes saudades - pelo que, se nesse tempo já houvesse "rankings", podia muito bem ter ficado classificada "atrás do último"!
São mesmo "sintomas preocupantes"...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Resgate de Fundos - Tripla Surpresa

O Diário de Notícias de hoje dedica a página 17 (DINHEIRO) do suplemento do "DN Bolsa" ao aumento das queixas relacionadas com os Fundos de Investimento, num artigo subscrito pelo (suponho eu) Jornalista Pedro Ferreira Esteves, intitulado "Queixas nos fundos aumentam com crise".
No final do artigo, são descritos diversos "Exemplos de queixas", um dos quais sob a epígrafe "Antecipar o futuro no momento do resgate".
Ali se refere que "Um participante num fundo de investimento decidiu resgatar as suas aplicações, devido ao impacto negativo que a crise financeira estava a ter nas suas aplicações (...) tendo ficado surpreendido com o facto de lhe ter sido dito que o resgate seria calculado não com a cotação do pedido, mas sim com o preço do dia útil seguinte (...) Uma situação que lhe causou alguma perplexidade e motivou um pedido de esclarecimento/queixa à (...) Sefin".
Ouvido sobre este tema, como é referido na mesma página, o Presidente da Sefin, António Júlio Almeida, põe-se inequivocamente do lado dos queixosos, argumentando que "muitos dos participantes não têm a noção dos riscos que assumiram porque não lhes foi dada informação sobre as características dos produtos", "há práticas abusivas de diferentes tipos" e "tem de haver mais transparência neste mercado".
Ninguém me encomendou o sermão, mas sinto-me com alguma legitimidade para opinar sobre este assunto, quer porque sou há muitos anos subscritor ocasional de fundos de investimento (talvez desde que estes instrumentos de aplicação financeira foram lançados e dinamizados em Portugal), quer porque penso ter uma noção da forma como habitualmente os Bancos e as sociedades gestoras lidam com esta área de negócio.
Choca-me, por isso, que o dito participante tenha ficado "surpreendido" por saber que o resgate seria feito à cotação do dia útil seguinte. De facto, todos os fundos com que lidei tinham, pelo menos, essa cláusula de resgate (excepção, talvez, para os certificados de aforro, mas estes não são verdadeiramente "fundos de investimento", mas sim aplicações de poupança), havendo mesmo alguns que impunham um pré-aviso de prazo superior. E os potenciais subscritores eram sempre avisados pelos empregados dos Bancos sobre essa matéria. Mais ainda: se a subscrição for feita através da internet, o pedido só é confirmado depois de o subscritor ler as condições de funcionamento do Fundo e 'clicar' no comando "aceito"! Por isso, ou as regras e as práticas mudaram muito em época recente, ou o autor da queixa, ao invocar a "surpresa", apenas o faz porque isso favorece as suas conveniências. (Sim, sim, também vi o meu dinheiro perder valor por causa da crise que se vive no mercado de capitais, mas só me culpo a mim próprio por andar distraído, ou por acreditar demais nos "amanhãs que cantam").
Do mesmo modo, surpreende-me que o Jornalista se faça eco das queixas (esta e as outras) que chegaram ao seu conhecimento sem, ao que parece, tentar averiguar se as mesmas queixas tinham, ou não, fundamento. (Veja-se, também, a "estória" intitulada "De helicóptero até ao Alentejo". Será que as unidades de participação não estavam já contratualmente vinculadas à garantia dos empréstimos?).
Estranho, finalmente, que o Presidente da Sefin "alinhe" ostensivamente ao lado dos queixosos contra os "inimigos" da Sociedade que dirige, sem ao menos um pequeno aparte a referir que "as queixas nem sempre têm razão de ser ou fundamento bastante".
É o país que temos!...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Generoso Subsídio de Desemprego

Aconteceu no Telejornal de ontem à noite.
A dado ponto do alinhamento das notícias, José Alberto Carvalho fez-se eco dum desabafo do Sr. Dr. Vítor Constâncio, douto Governador do Banco de Portugal, assacando as culpas da má 'performance' da evolução do (des)emprego em Portugal ao "generoso subsídio" que o Estado continua a pagar aos desempregados de longa duração.
Senti de imediato o impulso de concordar com a douta justificação do douto Governador, e de me sentir (como direi?) cúmplice pateta de tal estado de coisas, ao recordar um familiar que está no desemprego há mais de um ano, por não lhe terem renovado o contrato de trabalho na empresa em que até então estava colocado. (Processo no Tribunal do Trabalho, mas o leitor reconhecerá que a "justiça" serve para defender interesses dos mais poderosos, e não para proteger as lesões dos mais desfavorecidos).
Vou passar ao largo das dezenas de candidaturas que já enviou neste interim, às quais a maior parte das empresas nem sequer se dignaram dar resposta (certamente por falta de "perfil adequado"), as habituais respostas evasivas que as outras tomavam no final das entrevistas de selecção ("lá para sexta feira, contactamo-lo...) e as rescisões precipitadas ao fim de dias ou semanas de trabalho, em jeito de profilaxia contra a epidemia dos "contratos sem prazo", como agora se designam os contratos definitivos.
E o meu familiar lá se vai governando com o "generoso subsídio" equivalente ao rendimento social de inserção (RSI), e sobrevivendo com o contributo monetário dos familiares!...
Só gostava de sugerir ao douto Doutor Vítor Constâncio uma experiência "radical": que renunciasse temporariamente (três mesitos chegavam...) às funções que (não duvido) tão competentemente desempenha, que "esquecesse" os rendimentos e património que tem acumulado ao longo da sua vida, e que o Senhor Governador se "governasse" com o RSI durante esse lapsozinho de tempo. E que depois disso se pronunciasse "ex catedra" e com conhecimento de causa sobre esse flagelo que cada vez mais avassala a nossa sociedade, rasgando os sábios relatórios que por certo recebe da sua grande corte de assessores e outros 'ores'.
Melhor ainda: experimente o Senhor Governador criar 150 vagas nos quadros do Banco de Portugal, a que soberanamente preside, e verá de imediato surgirem milhares de candidatos e, depois, reduzir na proporção a chaga dos "generosos subsídios" que tão sabiamente critica.
(Eu sei, eu sei que também há gente em Portugal com o 'perfil' denunciado pelo Dr. Constâncio. Mas é sempre mau pôr os ovos todos no mesmo cesto!...).