sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ASSUMIR A RESPONSABILIDADE

Sou do tempo em que a expressão ASSUMIR A RESPONSABILIDADE tinha um sentido muito forte, e em que o gesto de quem a usava tinha consequências, nomeadamente a demissão do cargo cujo exercício podia (ou não) estar associado a um acto, procedimento ou resultado negativo, ainda que acidental.

Mais séria e de mais impacto, só mesmo a PALAVRA DE HONRA, ou o aval subscrito em letras de câmbio, cujo incumprimento, ainda que fortuito ou involuntário, por vezes conduzia o visado ao suicídio.

Os tempos, é claro, são outros, e as palavras foram perdendo a força semântica e comportamental de antanho. E não raro, por exemplo nos campos político e desportivo, ASSUMIR A RESPON-SABILIDADE tem o mesmo valor que dizer "amanhã vou deixar de fumar".

O último caso mediático que me ocorre, em que a expressão teve efeito prático, foi o de Jorge Coelho, então Ministro do Equipamento Social, que se demitiu na sequência da tragédia da Ponte de Entre-os-Rios, ocorrida na noite de 4 de Março de 2001, e em que dezenas de pessoas perderam a vida, devido a uma forte tempestade e a deficiências nos pilares da ponte, que ruiu no momento em que a atravessava o autocarro em que regressavam a casa. E me parece que só muito remotamente se poderia assacar-lhe a responsa-bilidade, ainda que indirecta, pela ocorrência.

MUDAM-SE OS TEMPOS...

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