sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ASSUMIR A RESPONSABILIDADE

Sou do tempo em que a expressão ASSUMIR A RESPONSABILIDADE tinha um sentido muito forte, e em que o gesto de quem a usava tinha consequências, nomeadamente a demissão do cargo cujo exercício podia (ou não) estar associado a um acto, procedimento ou resultado negativo, ainda que acidental.

Mais séria e de mais impacto, só mesmo a PALAVRA DE HONRA, ou o aval subscrito em letras de câmbio, cujo incumprimento, ainda que fortuito ou involuntário, por vezes conduzia o visado ao suicídio.

Os tempos, é claro, são outros, e as palavras foram perdendo a força semântica e comportamental de antanho. E não raro, por exemplo nos campos político e desportivo, ASSUMIR A RESPON-SABILIDADE tem o mesmo valor que dizer "amanhã vou deixar de fumar".

O último caso mediático que me ocorre, em que a expressão teve efeito prático, foi o de Jorge Coelho, então Ministro do Equipamento Social, que se demitiu na sequência da tragédia da Ponte de Entre-os-Rios, ocorrida na noite de 4 de Março de 2001, e em que dezenas de pessoas perderam a vida, devido a uma forte tempestade e a deficiências nos pilares da ponte, que ruiu no momento em que a atravessava o autocarro em que regressavam a casa. E me parece que só muito remotamente se poderia assacar-lhe a responsa-bilidade, ainda que indirecta, pela ocorrência.

MUDAM-SE OS TEMPOS...

sábado, 11 de dezembro de 2010

WIKILEAKS - VALE TUDO?

Perguntas de resposta múltipla:

Fonte: digitaltrends.com - acessível no Google

- Têm os responsáveis dos Estados mais (ou menos) poderosos legitimidade para agir de acordo com as suas conveniências, em qualquer crcunstância, sem terem de prestar contas dos seus actos?

- Pode um especialista de informática, profissional ou amador, invadir os 'servidores' de organismos públicos, aceder a toda a informação ali existente e divulgá-la sem ser "editada"?

- Podem os actos de retaliação das autoridades contra o "criminoso" (Julian Assange, no caso vertente) servir de pretexto válido para manifestações de apoio um pouco por todo o mundo?

Fonte: circolusitano.blogspot.com - acessível no Google


- E se algum intruso acedesse aos dados pessoais dos manifestantes e os divulgasse publicamente através das Redes Sociais, ou por outras vias, teriam eles motivos para se insurgirem contra esse abuso?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

REQUIEM PELA LINGUA PORTUGUESA


  O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não foi o primeiro, como se infere da própria designação. Só no séc. XX, houve várias alterações or-tográficas: a Reforma Orto-gráfica de 1911, exclusiva para Portugal, e os Acordos Ortográficos de 1931, 1945 (também só em Portugal), e 1990. O de 1990, para além de Portugal e do Brasil, teve também o envolvimento de todos os outros PALOP, bem como de observadores da Galiza.

Parece-me, no entanto, que existe uma diferença essencial entre o novo acordo e os anteriores: enquanto nestes últimos terá havido a preocupação de adaptar a ortografia à oralidade e/ou às origens da língua, no primeiro acabou por se adoptar tendencialmente a ortografia brasileira.

Outra diferença entre as duas realidades é que os acordos anteriores parecem ter tido motivações marcadamente científico-culturais, ao passo que o actual poderá ter subjacentes razões de natureza prdominantemente económica, impostas graças à pujança actual do Brasil no mundo, bem diversa da nossa tradicional insignificância.

Ou seja, a Língua Portuguesa "morreu" com a adopção do Novo Acordo, suplantada pela Língua Brasileira: o colonizado subjugou o colonizador.

Resta-nos manter a oralidade própria da língua lusa, mas também esta em contínua desagregação, pelo facto de se falar cada vez pior, e vai-nos valendo a teimosia dos carolas e dos "velhos do restelo" que persistem em continuar a escrever de acordo com a grafia em vias de extinção. Como já sou velho, alinho com eles!...